sexta-feira, 6 de maio de 2022

Minha rotina no interior

Hoje, 06/05/2022, o dia amanheceu lindoooo. Sabe aqueles dias de outono, um pouco friozinhos, mas que têm um sol que aquece o corpo e a alma também? Pois então, hoje é um destes dias. A paisagem está com cores fortes, os pássaros estão alvoroçados, pois escuto vários tipos de cantos. Infelizmente, como a grande maioria das pessoas que nasceram e cresceram em uma cidade grande, são poucos os sons que eu consigo relacionar com uma determinarda espécie: bem-te-vis, maritacas... Pensando bem, acho que são só estes que eu conheço, rsssss. Mas não importa, o que conta é o som marilhoso que ecoa no ar.

Foto arquivo pessoal.

As "meninas" (minhas amigas/filhas caninas) costumam me tirar da cama por volta das 5h30. Não me incomodo, pois vou para a sala e tento tirar um cochilo no sofá de dois lugares que ainda tenho de dividir com a Fiona (uma Beagle doce e meiga). Fico toda torta, mas aquecida, pois ela se enrola encostadinha em mim aquecendo minhas pernas enquanto as outras duas, Chiara (Golden) e Frigga (Bernese), se posicionam no chão em frente ao sofá e a Filó (nossa SRD) se enrola encostada na lateral do sofá. Assim ficamos, as quatro, tirando um cochilo e esperando o relógio Cuco, que está na parede ao lado, soar as 7 badaladas das 7 horas da manhã. 

É engraçado como elas se habituam com uma certa rotina. As badaladas do relógio anunciam a hora de comer. Todas se colocam em estado de alerta esperando que eu levante e diga: "vamos comer!". Este é o sinal para que saiam correndo escadas abaixo e se posicionem ao lado de seus pratinhos. Distribuo a ração para cada uma e abro a porta do quintal. Assim que terminam de comer, saem correndo como crianças diante do parquinho que as espera para as brincadeiras. Enquanto isso, o jardineiro chega e eu vou fazer o café da manhã.

Assim começam quase todos os meus dias aqui, no interior de São Paulo. São dias gostosos, calmos e diferentes de qualquer coisa que eu já vivi no passado. Certamente eu sou feliz.


segunda-feira, 2 de maio de 2022

Doutor desorganizado

Por Sandra Cristina Pedri
Texto resumido. Vencedor da Promoção "O Desorganizado", promovida pelo site  OZ em 2010 .
Publicado, também, na revista Acontece FTD, edição 25.

Às 6 horas, o despertador toda e o Doutor "devagar quase parando" desliga o alarme, mas deixa a "soneca" ligada e pensa: "Vou dormir mais um pouquinho...". Às 6h15, o despertador toca novamente. Então, Doutor "preguiça" resolve ligar o rádio para ouvir as notícias e continua deitado. Só que acaba dormindo. Às 6h30, o despertador toca outra vez.

Ainda sonolento, Doutor "marcha lenta" deixa engatado o ponto morto e resolve ficar mais um pouco na cama. Aconchega-se novamente dando de ombros para os compromissos assumidos naquela manhã. Afinal, não precisa bater "o ponto". Acorda sobresslatado com o barulho da porta, por causa da chegada da empregada, e vê que já são 11 horas. Agora, Doutor "aborrecido" resmunga por causa da manhã perdida e resolve ligar o computador.

Na bagunça da mesa do computador, repleta de papéis e envelopes, alguns ainda não abertos, encontra um minespaço para ligá-lo e começa a navegar pela Internet. Lentamente, lê e-mails, depois entra no Orkut, no Facebook, vasculha sites de equipamentos fotográficos e de culinária, sonhando e pensando na vida. De repente, Doutor "desfocado" fica de mau humor e resmunga entredentes: "Preciso tomar um banho para ir trabalhar", mas não toma nenhuma atitude para isso. Por fim, depois de mais de meia hora entretido com as notícias (muitas das quais ele já ouviu no rádio pela manhã) e com outras coisas que absorvem sua frágil atenção, resolve jogar Paciência no computador deixando resto do tempo passar.

São 12h40 e o Doutor "descabelado", ainda de pijama, está sentado diante do computador, jogando como se o dia estivesse apenas começando. Com o pensamento em mil coisas, toma banho, se arruma e sai para trabalhar. No trânsito, com o celular em uma orelha e o barulho de buzinas na outra, acaba ficando de péssimo humor, pois está atrasado. O celular toca o tempo todo cobrando sua presença no hospital, uma vez, duas, três... Nossa! No hospital, irrita-se com a quantidade de pacientes e pensa: "Se eu tivesse trazido meu equipamento fotográfico daria uma volta para fotografar no final da tarde".

Sem almoço, porque não deu tempo de almoçar antes de sair de casa, Doutor "esfomeado" até pensa em passar num drive thru, mas, ao sair do hospital, esquece o celuar. É necessário voltar para buscá-lo. Mais trânsito. Pra lá de irritado, começa a dirigir apressado. Leva uma fechada de um, dá uma fechada em outro e a irritação fica cada vez maior, principalmente quando lembra que seu carro está sem seguro e sua carteira de motorista, vencida. Não pode bater o carro de jeito nenhum.

Espumando de raiva, Doutor "irado" encontra o celular na mesa de trabalho do hospital e sai novamente apressado, com fome, cansado, com calor, no trânsito... e resolve não ir ao consultório. Liga para lá, dá uma desculpa qualquer e vai ao supermercado para espairecer, já que não dá tempo de sair para fotografar.

No meio dos corredores repletos de alimentos pensa na janta que vai preparar e compra os ingredientes necessários. Às 16h30, Doutor "menos estressado" chega em casa, esvazia as sacolas do supermercado e, novamente, liga o computador, acessa os e-mails, entra no Orkut e no Facebook para esperar a namorada chegar. Afinal, ele teve um dia cansativo, pois desde que saiu de casa seu celular não parou de tocar, o calor estava insuportável, o trânsito caótico e o trabalho não rendeu.

E assim foi mais um dia na vida  do Doutor "desorganizado".